Onde hoje se encontra o município de Fraiburgo, muitas rezadeiras tratam de ajudar as almas que ainda não conseguiram se libertar da opressão, do massacre sofrido no Taquarussu do Bonsucesso, o Reduto Santo que ficava ali, naquela vila. Então elas rezam com devoção, cantam e seguem o cerimonial da morte, a cada nova procissão.
Assim nos mostra o filme de Márcia Paraíso e Ralf Tambke, e nos relatam os personagens que seguem esta trilha. Seguidos pelas falas dos pesquisadores que se debruçam sobre estes relatos e investigam a origem deste povo caboclo. Paulo Pinheiro Machado diz que esta era uma região fronteiriça, habitada basicamente por negros e por indígenas, que eram então conhecidos por caboclos. Fernando Totanski diz que imigrantes polacos e ucranianos já habitavam a região contestada nesta guerra antes mesmo de se instalar a ferrovia.
São ouvidos ainda moradores do Assentamento Contestado, naquele município. Tânia Werlter relata: “Pode ser indígena, pode ser negro, pode ser descendente de europeu que se reconhece como caboclo…” Júlio Corrente completa: “É o catarinense natural. Ele vive na linha da pobreza. Ele tem uma cultura diferenciada. Ele apenas trabalha para viver. Não vive para a manutenção do capital, para a manutenção do bem e patrimônio.”
O professor Nilson Fraga pensa que isso poderia estar previsto na forma da Lei. Os homens e mulheres caboclos do contestado sendo reconhecidos como os legítimos catarinenses – “antes de um alemão, de um italiano, de um polaco, de um ucraniano, de um japonês, de um africano – e depois nós vamos ser um conjunto disso tudo – o caboclo é o catarinense característico”.
TERRA CABOCLA (2015)
82 minutos
Formato Full HD
Equipe técnica:
Roteiro – Marcia Paraiso
Produção Executiva – Ralf Tambke
Produção – Marcia Paraiso
Montagem – Glauco Broering
Produtora – Plural Filmes