Em Julho de 2022, o IBGE divulgou os resultados do Censo 2022 – Quilombolas: Primeiros resultados do universo, uma investigação sobre o pertencimento étnico quilombola de pessoas residentes em localidades quilombolas. Este levantamento apresenta um conjunto inédito de informações básicas sobre pessoas quilombolas residentes no País, sobre domicílios particulares permanentes ocupados com pelo menos um morador quilombola e, ainda, domicílios localizados em Territórios Quilombolas oficialmente delimitados. Os dados estão detalhados por Unidades da Federação, Municípios, Amazônia Legal e Territórios Quilombolas oficialmente delimitados. Os povos e comunidades tradicionais foram reconhecidos pela Constituição de 1988.
A população quilombola do país é de 1.327.802 pessoas, ou 0,65% do total de habitantes. Foram identificados 473.970 domicílios onde residia pelo menos uma pessoa quilombola, espalhados por 1.696 municípios brasileiros. O Nordeste concentra 68,19% (ou 905.415 pessoas) do total de quilombolas do país. Outra constatação é de que apenas 4,3% da população quilombola reside em territórios já titulados no processo de regularização fundiária. Outros 87,4% encontravam-se fora de áreas formalmente delimitadas e reconhecidas.
Dos 5.568 municípios do Brasil, 1.696 possuem população quilombola. Senhor do Bonfim/BA é a cidade com a maior quantidade absoluta (15.999 pessoas quilombolas), seguida por Salvador/BA (15.897), Alcântara/MA (15.616) e Januária/MG (15.000).
Os estados com as maiores proporções de quilombolas em territórios delimitados são Amazonas (45,43%), Sergipe (45,24%) e Mato Grosso do Sul (44,97%). Os percentuais mais baixos são de Alagoas (1,83%), Minas Gerais (3,38%) e Bahia (5,23%). Já os estados com maior presença de pessoas não quilombolas nos territórios oficialmente delimitados são Paraíba (51,58%), Espírito Santo (45,09%) e Rio Grande do Sul (41,99%). Os menores percentuais estão no Piaui (3,50%), Rondônia (4,33%) e Rio Grande do Norte (5,17%).Nos municípios da Amazônia Legal, encontravam-se 426.449 pessoas quilombolas, o que representa 1,6% da população residente na região e 32,11% do total de quilombolas do Brasil.
Santa Catarina
Santa Catarina tem 7.610.361 habitantes. Destes, 4.449 são pessoas quilombolas – o que representa 0,006% da população do estado. Eles estão nos municípios de Abdon Batista; Águas Mornas; Araquari; Araranguá; Balneário Camboriú; Balneário Barra do Sul; Campos Novos; Capivari de Baixo; Cerro Negro; Criciúma; Florianópolis; Fraiburgo; Garopaba; Gravataí; Imbituba; Ituporanga;Joinville; José Boiteux; Palhoça; Palmitos; Paulo Lopes; Pescaria Brava; Porto Belo; Praia Grande; Santo Amaro da Imperatriz; São Francisco do Sul e São José. Para cada 100 mulheres foram encontrados 99,87 homens com a média de idade de 33 anos.
Entre os dias 30 de abril e 21 de maio de 2024 estão abertas as inscrições para os locais que querem receber o Circuito Chica Pelega de Cinema.O Circuito é uma extensão da 3ª Mostra de Cinema Chica Pelega – edição quilombola, realizada em 2023, quando se destacou a cultura e a identidade das comunidades remanescentes quilombolas de Santa Catarina e do Brasil. Composto por uma seleção de filmes de longa e curta metragens de ficção e documentário, o Circuito visa promover a reflexão e o debate sobre a importância da cultura afro-brasileira e da luta pela preservação da memória quilombola.
Considera-se espaços adequados para a exibição os cineclubes, associações, institutos culturais e educacionais, escolas, universidades, organizações civis sem fins lucrativos (ONGs) e outro espaços que promovam atividades culturais e abertas ao público que disponha de projetor, sistema de som e internet banda larga.Entre os dias 24 e 31 de maio, define-se a programação para cada Espaço Exibidor, sendo que as sessões devem acontecer no mês de junho.
Sessões disponíveis
Os filmes que estão no catálogo da 3a Mostra de Cinema Chica Pelega podem ser conferidos no site www.chicapelega.com.br e estão divididos nos seguintes eixos temáticos:
FAZER QUILOMBOLA – A categoria exibe os três filmes resultantes das oficinas de cinema “O minuto que foi” mediada pelo cineasta Yasser Socarrás González como contrapartida da realização da mostra. As três narrativas trazem, em poucos minutos, questões de vivências dos remanescentes quilombolas no Oeste e Serra de Santa Catarina, produzidos por integrantes das comunidades remanescentes dos quilombos Invernada do Negros e Campo dos Poli.
RESISTÊNCIA SC – Nesta categoria de filmes apresentamos as narrativas catarinenses do passado e do presente que norteam as resistências diárias das populações remanescentes de quilombolas.
QUILOMBOS DO PLURAL – O que é um quilombo? Quem são os quilombolas? Quais os fazeres e saberes que permeiam essas relações? As produções desta categoria de diferentes regiões trazem as realidades diversificadas das comunidades quilombolas espalhadas pelo Brasil.
MEMÓRIAS VIVAS – Como se apagam as histórias de lutas de um povo? Diferentes realidades, muitos indícios, objetos e pessoas que vivenciaram e podem resgatar uma realidade através de suas lembranças. Esta categoria visibiliza pessoas e desdobramentos contemporâneos da Guerra do Contestado.
RAÍZES EM CENA – As lutas pelo bem da coletividade são gestadas, cuidadas e alimentadas como uma criança a ser direcionada para uma vida de prosperidade e alegria. Esta categoria focaliza o papel das mulheres como genitoras, protagonistas e articuladoras da luta em diferentes cenários.
Inscrições e Contato
Para se inscrever acesse o site https://chicapelega.com.br/ponto-de-exibicao ou em caso de dúvidas, entre em contato pelo e-mail: producao@chicapelega.com.br Junte-se a nós e mostre o poder transformador do cinema! Faça a diferença na sua comunidade promovendo acesso à cultura e ao cinema para um público diverso, e promova a valorização da cultura afro-brasileira e da luta quilombola.
Mostra de Cinema Chica Pelega
A Mostra de Cinema Chica Pelega surge no contexto catarinense, no espaço chamado de Vale do Contestado. Hoje, mais do que nunca, é importante pensar de forma contemporânea no que significam os resquícios não só do conflito do Contestado, mas também do que o antecede, na história colonial do Estado de Santa Catarina.
Além da história do lugar é importante pensar nesse contexto e na ideia da autoidentificação quilombola e cabocla, não como se tivesse meio que escamoteando uma identidade negra ou indígena que permeia no Meio Oeste catarinense, uma região extremamente racista, mas pensar de que forma nós podemos avançar nesse conceito e avançar nessa autoidentificação em todas as vezes que nos deparamos com as falas de indígenas nos contextos que trazem etnia e nas falas de remanescentes de comunidades quilombolas.
O que fica escondido neste codinome de caboclo? O que fica escondido na história? Que é por onde nós, às vezes, olhamos os materiais que apresentam e falam do estado do conflito e que a negritude e povos indígenas e demais povos ciganos não fazem parte deste contexto. Para estar nesse lugar, é preciso que estejamos nele identificados e trazendo o nosso processo identitário também de povos originários e povos africanos.
As identidades indígenas e negras de Santa Catarina foram apagadas e de forma proposital, o que quer dizer que elas não foram simplesmente invisibilizadas, elas foram realmente apagadas, tal como estabelece o pensamento da eugenia e limpeza étnico-cultural. A ponto que quando você chega em um outro estado que não seja da região Sul, as pessoas se espantam: “Como assim, tem quilombo?” “Tem indígenas em Santa Catarina?” “Como as pessoas negras estão colocadas nesse contexto?”
Então, quando encontramos a possibilidade de trazer à tona e de se fazer refletir sobre esse apagamento, esse racismo, essas violências,essas identidades que estão nesse estado, é uma possibilidade de avançar sobre as discussões. É uma possibilidade de colocar no cenário do debate as discussões que foram negadas, violentadas, tudo isso nós que vivemos até hoje. Esses cenários são muito potentes, muito importantes não só pelas questões que marcam o sofrimento dos povos, mas também para retomar práticas, lembrar elementos da cultura, a capoeira, os cantos religiosos, as sabedorias mantidas por pessoas mais velhas. E essa possibilidade aparece aqui utilizando o cinema como ferramenta, como uma linguagem possível para dar visibilidade e gerar conhecimento.
Por isso, criamos a Comissão Quilombola de Curadoria e desenvolvemos um diálogo que pudesse ampliar os filmes sobre o Contestado, já exibidos nas duas primeiras edições da Mostra Chica Pelega, trazendo outras histórias de figuras negras pelas quais as comunidades se identificam em seus passados históricos e nos seus acontecimentos presentes, em seus contextos menores de comunidades e também em suas lutas maiores, nas semelhanças com outros contextos do país.
Comunidades Quilombolas
Os quilombos surgiram na época da colonização brasileira como resposta à violência praticada pelos portugueses e, depois, por seus descendentes, contra os negros que foram trazidos à força para o Brasil, vindos da África. Os primeiros registros desse tipo de formação datam da década de 1570. Além da fuga imediata da opressão, o surgimento dos quilombos também foi uma afronta ao sistema escravista que vigorava. Essa organização do povo negro ajudou, mesmo que lentamente, a inviabilizar o sistema escravocrata. As comunidades davam suporte para as rebeliões, incêndios em plantações e resgate de cativos, fatores que ajudaram na busca pela abolição.
Símbolo da resistência negra no período da escravidão, os quilombos contemporâneos sofrem com o legado de desigualdades deixado pelo período colonial. Isso por causa da falta de acesso à terra e a políticas públicas básicas como saúde e educação. Ao devolver as áreas de acesso à terra, o Incra busca estabelecer um procedimento de justiça e resgate das tradições das famílias que agora retornam às suas terras.
De acordo com dados do IBGE (2022), são 494 territórios quilombolas espalhados pelo Brasil. Apenas os estados do Acre e Roraima não foram identificados quilombolas. Em Santa Catarina, são 4.447 quilombolas habitando em 28 dos 295 municípios do estado.
A programação presencial terá o seu encerramento na comunidade quilombola Invernada dos Negros, em Campos Novos. As portas do pavilhão estarão abertas ao público para a exibição dos curtas-metragens Vãnh gõ tõ laklãnõ (2022), Disque Quilombola (2012), A Sússia (2018) e Invernada dos Negros (2011). A entrada é gratuita.
A história de Monte Carlo tem raízes na Guerra do Contestado, por isso é tão importante falar sobre esse assunto e debater a formação do povo que habita a região que foi contestada há mais de 100 anos. Pensando nisso, a VMS Produções e a Pupilo TV levam a Monte Carlo a 3ª Mostra de Cinema Chica Pelega – edição quilombola. Uma oportunidade para se debater esse assunto através do cinema.
Na quarta-feira, 12 de julho, segundo dia da Mostra Presencial, os moradores de Monte Carlo poderão acompanhar, a partir das 19h30 no Auditório da E.E.B.M. Erci Dick, a exibição dos seguintes curtas-metragens: Sobreviventes do Taquaruçu (1985),Invernada dos Negros – fotografia e vídeo (2011) e Antonieta (2015).
A mostra presencial começa na sexta-feira (07/07), em Fraiburgo, a partir das 19h30, na E.M.E.F. Professor Eurico Pinz, no bairro São Miguel, onde se poderá conferir os curtas: Blackout (2016), NovoMundo (2020) e Disque Quilombola(2012).
Fechando a programação, a Comunidade Remanescente do Quilombo Invernada dos Negros, em Campos Novos, abre as portas para a exibição dos curtas-metragens Vãnh gõ tõ Laklãnõ (2022), Disque Quilombola (2012), A Sússia (2018) e Invernada dos negros – fotografia e vídeo (2011).
Em maio, como contrapartida, aconteceu a oficina de cinema O Minuto que foi, quando o cineasta cubano Yasser Socarrás Gonzaléz contou a sua história e orientou os quilombolas, que puderam assim, fazer os seus próprios curtas-metragens – que serão exibidos em todos os dias da mostra presencial. Os três filmes produzidos na oficina são: A luta de um quilombola polinário (Campo dos Poli/ Fraiburgo), No batuque dos tambores: o sonho de muitos (Invernada dos Negros/Campos Novos) e Luta e resistência (Invernada dos Negros/Campos Novos).
Além da Mostra presencial, uma Mostra online totalmente gratuita também acontece durante o mês de julho com 28 filmes em exibição no site https://chicapelega.com.br e mais três lives onde o tema poderá ser ampliado em conversas com moradores dos territórios quilombolas.
Após todas as sessões, acontecerão conversas abordando os temas e particularidades dos filmes exibidos. A 3ª Mostra de Cinema Chica Pelega foi selecionada pelo Prêmio Elisabete Anderle de Apoio à Cultura – Edição 2022, executado com recursos do Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura.
MONTE CARLO, quarta-feira, 12 de julho 19h30
E.E.B.M. Erci Dick Rua Joaquim Corrêa de Melo, 214, Centro
Sobreviventes de Taquaruçu (1985) Sinopse: O vídeo apresenta depoimentos de Sobreviventes de Taquaruçu – Guerra do Contestado. O vídeo foi gravado e produzido em 1986 aproximadamente. Como estava em fita cassete, sua conversão teve a qualidade de imagem regular. Mas é um excelente material de acervo histórico. Obs: As produtoras diligenciaram todos os esforços para identificação de autoria e estão à disposição das pessoas que eventualmente queiram se manifestar a respeito da licença de uso de imagens e/ou áudios reproduzidos nesta plataforma.
Invernada dos negros – fotografia e vídeo (2011)Direção de Daniel Herrera,André Constantin Sinopse: No sul do Brasil, “invernada” é um tempo de inverno; lugar de aconchego para os rebanhos. Pela linguagem popular, a palavra migrou para um episódio raro do escravismo no país: a Invernada dos Negros – um reduto de afro-descendentes que mantêm viva a memória e a luta dos escravos herdeiros de uma antiga fazenda do planalto catarinense. Fragmentos dessa impressionante história compõem o projeto de fotografia e vídeo intitulado Invernada dos Negros, premiado duas vezes no âmbito do Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras, da Fundação Palmares (2010-2012). O projeto vem gerando exposições e ações educativas por regiões e cidades brasileiras, mas encontra-se inédito no âmbito da tevê. A proposta é revisitar as imagens e sons dos personagens e lugares da Invernada dos Negros em um documentário para televisão. No centro da narrativa, está a ritualização da imagem fotográfica dos personagens da Invernada, tendo as memórias do lugar como enredos cruzados e subjacentes.
Antonieta (2015)Direção de Flávia Person Sinopse: “Antonieta” é um documentário sobre Antonieta de Barros (1901-1952), mulher, negra, professora, cronista, feminista e em 1935 se tornou a primeira negra a assumir um mandato popular no país.
Filmes produzidos na oficina de contrapartida O Minuto que foi:
A luta de um quilombola polinário(2023) Sinopse: O filme retrata brevemente a luta de remanescentes do quilombo do Campo dos Poli, em Fraiburgo/SC. Cristiane Goulart é quilombola e conta sobre memórias que tem de seus avós e da família com a retirada do território, Alessandro Pereira, seu companheiro complementa expondo a situação da educação quilombola e os desafios enfrentados por eles. Além do casal, João Carlos Rodrigues, membro da APAFEC participa com suas considerações sobre a luta.
Luta e resistência – Invernada dos negros (2023) Sinopse: Para viver na comunidade quilombola Invernada dos Negros se exige muita luta e resistência, principalmente para a realização dos sonhos de seus moradores. Sonhos estes, que há muito tempo são idealizados , sonhos que seus ancestrais tinham e não conseguiram realizar. Com o passar dos tempos novas famílias quilombolas foram se formando e chegando na comunidade, trazendo com elas o desejo de plantar, produzir e construir suas moradas, para então assim, mostrar que com luta e muita resiliência é possível realizar suas metas traçadas.
Nos batuques dos tambores: o sonho de muitos (2023) Sinopse: Somos o continuar da história de nossos ancestrais, e a esperança de nossos filhos. A vida aos poucos vai nos ensinando uma verdade fundamental: Sonhos, luta e resistência é o que nos fará chegar ao final do caminho com sucesso. Os “griots” lê-se griôs são considerados bibliotecas vivas de todas as histórias. Histórias que são passadas de uma geração à outra, através da “tradição oral”, ou seja, pela fala e oralidade, e não pela escrita. Assim, os griôs guardam e passam memórias, sonhos, e ensinamentos que unem idosos, adultos e crianças, interligando passado, presente e futuro. Os griôs africanos contam, cantam, tocam instrumentos musicais e dramatizam as histórias que narram. Por isso, também são considerados artistas completos.
Lives
A 3ª Mostra de Cinema Chica Pelega de Cinema – edição quilombola já começa no sábado (1º de julho), com a live de abertura, às 19h30. Nesse dia será exibido o curta-metragem Disque Quilombola (2012). Após a exibição, Vanda Pinedo e Lu Kilombola conversam sobre a mostra e a qualidade dos filmes que ela oferece. A mediação será de Sinclair Biazotti.
A segunda live acontece dia 15/07 (sábado) às 16h com o título Luta Quilombola na Mostra Chica Pelega e será uma conversa com as lideranças das Comunidades Remanescente dos Quilombos Invernada dos Negros e Campo dos Poli, reunindo griôs (moradores mais velhos, que repassam aos mais jovens a história e as tradições quilombolas) e lideranças para uma conversa sobre suas semelhanças e diferenças nos processos de reconhecimento de suas terras e as características culturais. A live será mediada por Rafaell Marcelino.
Para a live de encerramento, no dia 28-07 às 19h30, o curta-metragem escolhido foi Pele Negra, Justiça Branca (2022) que recorda o Caso Gracinha, em que Maria Graça de Jesus, moradora da Comunidade Remanescente do Quilombo Toca de Santa Cruz que teve suas duas filhas retiradas pelo Conselho Tutelar, sem justificativa. Após a exibição, a conversa será com Maria Helena Thomaz e Adriana Ferreira da Silva do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB/UDESC).
SERVIÇO
3ª Mostra de Cinema Chica Pelega – edição quilombola
O quê? 3ª Mostra de Cinema Chica Pelega – edição quilombola (sessões de filmes e lives) Quando? de 1 a 31 de julho online e sessões presenciais Onde? Online em https://chicapelega.com.br e sessões presenciais em Fraiburgo, Monte Carlo e Campos Novos Programação completa: https://chicapelega.com.br/programacao Quanto: Gratuito Realização: VMS, Pupilo TV e Comissão Quilombola de Curadoria Apoio cultural: Movimento Negro Unificado/MNU, Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros – NEAB/UDESC e Associação Paulo Freire de Educação e Cultura Popular/APAFEC Incentivo: Prêmio Elisabete Anderle de Apoio à Cultura – Edição 2022, Fundação Catarinense de Cultura e Governo do Estado de Santa Catarina
As marcas da Guerra do Contestado ainda são uma realidade nas vidas de muitos caboclos da região onde aconteceu o conflito. Por isso, a 3ª Mostra de Cinema Chica Pelega, edição quilombola traz o debate necessário para que se faça uma revisão histórica.
Todos estão convidados, na sexta-feira (07/07), para acompanhar a exibição dos curtas-metragens Blackout (2016), NovoMundo (2021) e Disque Quilombola(2012). O evento acontece a partir das 19h30, na E.M.E.F. Professor Eurico Pinz, no bairro São Miguel. A entrada é gratuita.
A Mostra ainda passa por Monte Carlo, no dia 12 (quarta-feira), a partir das 19h30, na E.E.B.M. Erci Dick, onde se poderá assistir aos curtas-metragens Sobreviventes de Taquaruçu (1985), Invernada dos Negros– fotografia e vídeo (2011) e Antonieta (2015). A programação se encerra na comunidade remanescente do quilombo Invernada dos Negros, em Campos Novos, que abre as portas para a exibição dos curtas-metragens Vãnh gõ tõ Laklãnõ (2022), Disque Quilombola (2012), A Sússia (2018) e Invernada dos negros – fotografia e vídeo (2011).
Em maio, como contrapartida, aconteceu a oficina de cinema O Minuto que foi, quando o cineasta cubano Yasser Socarrás Gonzaléz contou a sua história e orientou os quilombolas, que puderam assim, fazer os seus próprios curtas-metragens – que serão exibidos em todos os dias da mostra presencial. Os três filmes produzidos na oficina são: A luta de um quilombola polinário (Campo dos Poli/ Fraiburgo), No batuque dos tambores: o sonho de muitos (Invernada dos Negros/Campos Novos) e Luta e resistência (Invernada dos Negros/Campos Novos).
Além da Mostra presencial, uma Mostra online totalmente gratuita também acontece durante o mês de julho com 28 filmes em exibição no site https://chicapelega.com.br e mais três lives onde o tema poderá ser ampliado em conversas com moradores dos territórios quilombolas.
Após todas as sessões, acontecerão conversas abordando os temas e particularidades dos filmes exibidos. A 3ª Mostra de Cinema Chica Pelega foi selecionada pelo Prêmio Elisabete Anderle de Apoio à Cultura – Edição 2022, executado com recursos do Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura.
FRAIBURGO, sexta-feira, 07 de julho 19h30
Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Eurico Pinz Rua Guido Brandt, sn, São Miguel
Blackout (2016) Direção de Crioulas Vídeo e Coletivo Asterisco Sinopse: Quilombo de Conceição das Crioulas, Salgueiro, sertão pernambucano, nordeste do Brasil. Um filme sobre o invisível.
Novo Mundo (2021) Direção de Natara Ney e Gilvan Barreto Sinopse:Um paraíso para os olhos, a frase define o lugar de destino da personagem, A Terra Sem Males. Depois de caminhar por florestas e ruínas, ela percebe que aquele território foi erguido sobre o sangue de muitos povos. Esse conhecimento poderia deixá-la paralisada, criar medo, mas inspira atos de coragem.
Disque Quilombola (2012) Direção de David Reeks Sinopse: Crianças do Espírito Santo conversam de um jeito divertido sobre como é a vida em uma comunidade quilombola e em um morro na cidade de Vitória. Por meio de uma genuína brincadeira infantil, os dois grupos falam de suas raízes e revelam o quanto a infância tem mais semelhanças do que diferenças.
Filmes produzidos na oficina de contrapartida O Minuto que foi:
A luta de um quilombola polinário(2023) Sinopse: O filme retrata brevemente a luta de remanescentes do quilombo do Campo dos Poli, em Fraiburgo/SC. Cristiane Goulart é quilombola e conta sobre memórias que tem de seus avós e da família com a retirada do território, Alessandro Pereira, seu companheiro complementa expondo a situação da educação quilombola e os desafios enfrentados por eles. Além do casal, João Carlos Rodrigues, membro da APAFEC participa com suas considerações sobre a luta.
Luta e resistência – Invernada dos negros (2023) Sinopse: Para viver na comunidade quilombola Invernada dos Negros se exige muita luta e resistência, principalmente para a realização dos sonhos de seus moradores. Sonhos estes, que há muito tempo são idealizados , sonhos que seus ancestrais tinham e não conseguiram realizar. Com o passar dos tempos novas famílias quilombolas foram se formando e chegando na comunidade, trazendo com elas o desejo de plantar, produzir e construir suas moradas, para então assim, mostrar que com luta e muita resiliência é possível realizar suas metas traçadas.
Nos batuques dos tambores: o sonho de muitos (2023) Sinopse: Somos o continuar da história de nossos ancestrais, e a esperança de nossos filhos. A vida aos poucos vai nos ensinando uma verdade fundamental: Sonhos, luta e resistência é o que nos fará chegar ao final do caminho com sucesso. Os “griots” lê-se griôs são considerados bibliotecas vivas de todas as histórias. Histórias que são passadas de uma geração à outra, através da “tradição oral”, ou seja, pela fala e oralidade, e não pela escrita. Assim, os griôs guardam e passam memórias, sonhos, e ensinamentos que unem idosos, adultos e crianças, interligando passado, presente e futuro. Os griôs africanos contam, cantam, tocam instrumentos musicais e dramatizam as histórias que narram. Por isso, também são considerados artistas completos.
Conversa após a sessão com integrantes das Comunidades Remanescentes dos Quilombos Campo dos Poli e Invernada dos Negros
Lives
A 3ª Mostra de Cinema Chica Pelega de Cinema – edição quilombola já começa no sábado (1º de julho), com a live de abertura, às 19h30. Nesse dia será exibido o curta-metragem Disque Quilombola (2012). Após a exibição, Vanda Pinedo e Lu Kilombola conversam sobre a mostra e a qualidade dos filmes que ela oferece. A mediação será de Sinclair Biazotti.
A segunda live acontece dia 15/07 (sábado) às 16h com o título Luta Quilombola na Mostra Chica Pelega e será uma conversa com as lideranças das Comunidades Remanescente dos Quilombos Invernada dos Negros e Campo dos Poli, reunindo griôs (moradores mais velhos, que repassam aos mais jovens a história e as tradições quilombolas) e lideranças para uma conversa sobre suas semelhanças e diferenças nos processos de reconhecimento de suas terras e as características culturais. A live será mediada por Rafaell Marcelino.
Para a live de encerramento, no dia 28-07 às 19h30, o curta-metragem escolhido foi Pele Negra, Justiça Branca (2022) que recorda o Caso Gracinha, em que Maria Graça de Jesus, moradora da Comunidade Remanescente do Quilombo Toca de Santa Cruz que teve suas duas filhas retiradas pelo Conselho Tutelar, sem justificativa. Após a exibição, a conversa será com Maria Helena Thomaz e Adriana Ferreira da Silva do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB/UDESC).
SERVIÇO
3ª Mostra de Cinema Chica Pelega – edição quilombola
O quê? 3ª Mostra de Cinema Chica Pelega – edição quilombola (sessões de filmes e lives) Quando? de 1 a 31 de julho online e sessões presenciais Onde? Online em https://chicapelega.com.br e sessões presenciais em Fraiburgo, Monte Carlo e Campos Novos Programação completa: https://chicapelega.com.br/programacao Quanto: Gratuito Realização: VMS, Pupilo TV e Comissão Quilombola de Curadoria Apoio cultural: Movimento Negro Unificado/MNU, Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros – NEAB/UDESC e Associação Paulo Freire de Educação e Cultura Popular/APAFEC Incentivo: Prêmio Elisabete Anderle de Apoio à Cultura – Edição 2022, Fundação Catarinense de Cultura e Governo do Estado de Santa Catarina
A jornadaaconteceu entre os dias 26 e 30 de abril, em 6 municípios da Região do Contestado.
Na segunda-feira (24), aconteceu a livre de lançamento transmitida pelos canais do evento, no Facebook e no Youtube, com a participação do professor Paulo Pinheiro Machado (UFSC), Jilson Carlos Souza, Lu Paes, Jorge Luiz Gonçalves, Gustavo Zardo, Juciara Machuga, além da professora Dandy dos Santos e Roberto Schnemberger.
O evento levou o espetáculo Natureza Cabocla – atuação de Lu Paes e Jorge Luiz Gonçalves, direção e produção de Gustavo Zardo — aos municípios de Tangará, Luzerna, Videira, Fraiburgo, Monte Carlo e São Bento do Sul. Nestes 5 dias, 1600 pessoas puderam conhecer um pouco mais acerca do conflito que ocorreu entre 1912 e 1916 e a herança que ele deixou.
O educador e comunicador Jilson Carlos Souza, organizador do evento, destaca que a Jornada vem se tornando um espaço importante para a valorização e ressignificação da cCivilização e da cultura cabocla do Contestado.
A Jornada Cabocla Chica Pelega foi construída para divulgar o legado deixado pela Francisca Roberta, a Chica Pelega, heroína do Taquarussu do Bonsucesso, e a Resistência Cabocla que enfrentou o Exército da arrogância (polícia militar de Santa Catarina e Paraná, mais os jagunços contratados dos Coronés e da Lamber…)”.
Após o espetáculo, em todos lugares onde passou, houve uma Roda de Prosa, onde as pessoas participaram comentando e debatendo questões com os atores e organizadores sobre o que foi apresentado, além de detalhes da cultura cabocla. Entre os temas discutidos nas Rodas de Prosa, destaque para a criação da Universidade Federal do Contestado (UNIFECON). Jilson explica:
“Há anos vêm sendo debatida por organizações sociais e populares da Região do Contestado, essa proposta foi muito bem aceita em todos os locais apresentados. A avaliação de quem acompanhou as apresentações do Natureza Cabocla é que a construção da UNIFECON, é uma das maneiras de ser paga a dívida histórica que as elites econômicas estaduais e brasileiras têm com a Região do Contestado”.
Outra novidade que deve ser destacada nesta edição: a criação da nova identidade visual, criada pelo professor/artista Gerson Witte, além da confecção de uma camiseta oficial do evento.
Abertura em Tangará
Na manhã de quarta-feira (26), a apresentação da peça teatral aconteceu no Clube Rio Bonitense, acompanhada por mais de 200 estudantes e professores do Ensino Médio, superando todas as expectativas dos organizadores.
Finalizada a apresentação, os artistas populares Jorge Luiz Gonçalves, Lu Paes e Gustavo Zardo foram recepcionados pelos diretores Gilson Panceri Junior e Roberto Bohnenberger, no Centro Administrativo da Cresol Meio Oeste — apoiadora do evento.
Luzerna, onde nasceu Chica Pelega
Na tarde do dia 26, o espetáculo foi apresentado no E.E.B Padre Nóbrega, em Luzerna, um local icônico. No tempo do conflito, a região que abrangia os municípios de Ibicaré, Luzerna, Joaçaba, Herval d’ Oeste, Herval Velho e Catanduvas formavam o grande distrito de Limeira. Neste local, nasceu Francisca Roberta, a Chica Pelega, heroína do Taquarussu do Bonsucesso.
Aproximadamente 200 estudantes das turmas de 9° ano, 1º e 2º ano do Ensino Médio, além dos/as professoras/es assistiram à apresentação.
“O Espetáculo Natureza Cabocla foi sem dúvida um momento de reflexão política e ativista, uma aula de história, de profissionais comprometidos com a essência da nossa Cultura. Os estudantes e professores ficaram simplesmente encantados com tamanha beleza e sutileza nos detalhes do espetáculo, com as histórias da vida real as quais eles nem conheciam. Se perceberam como sujeitos pertencentes ao território Contestado, o que trouxe significado para sua existência e entendimento do que são pela sua ancestralidade, infelizmente ainda negada e camuflada”, relata a professora Darlene.
Darling, como a professora é conhecida, lembra que a professora Janete contou, aos prantos, durante a apresentação do espetáculo, que a sua avó era benzedeira.
Em Videira, três sessões
Na quinta-feira (27) de manhã, o espetáculo Natureza Cabocla foi apresentado na E.E.B Esther Crema Marmentini, em Videira, no Vale das Perdizes. A primeira sessão foi destinada aos estudantes e professores da E.E.B Anísio Rachadel de Oliveira (Anta Gorda – Videira) e da E.E.B. Frei Evaristo (Iomerê); já a segunda contou com estudantes e professores da escola anfitriã. À tarde, mais de 350 pessoas lotaram o Auditório do IFC Videira para prestigiar o espetáculo. A comunidade acadêmica e convidados puderam partilhar conhecimentos a respeito do conflito.
Em Fraiburgo: mais três sessões
Na sexta-feira (28), a 2ª Jornada Cabocla Chica Pelega chegou a Fraiburgo. O Auditório do Instituto Federal Catarinense (IFC), foi palco para duas apresentações de Natureza Cabocla. Na primeira sessão, 175 estudantes e professores do Instituto prestigiaram o evento. A segunda apresentação foi destinada a 175 estudantes e professores da Escola Municipal Padre Biaggio Simonetti e do Centro Educacional Fraiburgo (CEFRAI).
“Espetáculo maravilhoso proposto pela Jornada Cabocla Chica Pelega, parabéns Lu Paes e Jorge Gonçalves pela interpretação, Gustavo pela direção, IFC Fraiburgo pelo espaço e Jilson pela ponte entre arte e escola. Mais incrível seria se a Prefeitura e Câmara Municipal de Fraiburgo trouxessem essa maravilha para todas as escolas e pessoas do município”, comentou a professora Karoline Fin em suas redes sociais.
A noite foi marcada por simbolismo e emoção, a terceira apresentação foi no Taquarussu do Bonsucesso, precisamente no Recanto Caboclo do Grupo Renascença Cabocla. Além dos integrantes do grupo, a sessão contou com a presença dos Quilombolas da Comunidade Campo dos Poli, e moradores/as do Assentamento Contestado e da comunidade do Taquarussu. O local é simbólico, pois foi ali que ocorreram duas grandes batalhas, na verdade massacres do povo caboclo. Entre os mortos estava Chica Pelega.
Sábado em Monte Castelo
No sábado (29), no Centro de Eventos Ivo Moreira, em Monte Castelo, aconteceu a nona apresentação da peça, dentro da programação da 2a Jornada Cabocla Chica Pelega. Desta vez, a organização ficou por conta da direção, estudantes e professores da E.E.B Valentin Gonçalves Ribeiro.
Antes da apresentação, a comitiva esteve na praça ao lado da linha férrea onde repousa o monumento a São João Maria. Depois do espetáculo, o professor Erick Alves, que coordenou os trabalhos, recebeu a organização e equipe do espetáculo para um delicioso jantar ao redor do fogão à lenha.
Encerramento em São Bento do Sul
O encerramento da jornada cabocla chica pelega, é marcado pela emoção. No domingo (30), a 2a Jornada Cabocla Chica Pelega chegou à Ocupação Alto da Glória, em São Bento do Sul, onde foram recebidos com muita alegria e um delicioso almoço, compartilhando com integrantes da Comunidade e de organizações sociais locais. À tarde aconteceu a décima apresentação do espetáculo Natureza Cabocla. Ao final, a emoção tomou conta do público, dos atores e de todo o coletivo.
“A ultima apresentação no Alto da Glória, foi emocionante. Pelo contexto de luta, pela recepção que recebemos, pela garoa, pelo sol maravilhoso que apareceu, pelo profundo debate e principalmente pelos relatos e lágrimas do público presente”, comentou Jorge Luiz Gonçalves integrante da Obra Teatral Natureza Cabocla.
Para finalizar, Jilson, organizador do evento, destaca que foi um grande desafio organizar a edição 2023 da Jornada Cabocla Chica Pelega, pois a edição do ano anterior foi via internet e a deste ano foi desenvolvida em seis municípios diferentes: “Levar um Espetáculo Teatral como o Natureza Cabocla, a escolas, Institutos Federais, Espaços Comunitários e Ocupações foi gratificante e ao mesmo tempo completamente provocador, pois a obra teatral foi apresentada em diversos locais, desde auditórios com boa estrutura até em espaços ao ar livre, sem a grande versatilidade dos atores e dos produtores locais, certamente não teríamos alcançado o êxito obtido”. Jilson acrescenta que a Jornada foi construída para divulgar o legado deixado pela Francisca Roberta, a Chica Pelega heroína do Taquarussu do Bonsucesso e a Resistência Cabocla que enfrentou o Exército da arrogância (polícia militar de Santa Catarina e Paraná, mais os jagunços contratados dos Coronés e da Lamber…). “Sem dúvida alguma, a Jornada Cabocla Chica Pelega vem se tornando um espaço importante para a valorização e ressignificação da Civilização e da Cultura Cabocla do Contestado”, comenta.
“Para 2024 os desafios aumentam. Jilson conta que em breve será feita uma reunião para avaliar os pontos positivos e negativos da edição deste ano e começar a pensar a 3ª edição da Jornada Cabocla Chica Pelega a ser desenvolvida no próximo ano”, comenta Jilson Carlos Souza – educador e comunicador popular integrante da coordenação da Jornada.
Sessão em São Bento do Sul
Números da Jornada Cabocla Chica Pelega 2023
■1.600 espectadores; ■ 09 Escolas beneficiadas; ■ 19 Publicações na página do Facebook; ■ 03 Organizações sociais beneficiadas; ■ 10 Apresentações realizadas; ■ 1.174 Quilômetros rodados; ■ 06 Municípios; ■ 250 Visualização na transmissão ao vivo no YouTube; ■ 04 Entidades organizadoras; ■ 18 Parceiros institucionais ou patrocinadores;
Aconteceu, nesta quinta-feira (27), às 19h, na cidade de Rio das Antas, no Meio Oeste catarinense, o lançamento de dois livros cuja temática remete à Guerra do Contestado. As obras são fruto do trabalho desenvolvido, durante o ano de 2022, em duas Escolas de Ensino Fundamental do município: a Silva Paranhos, do distrito de Ipoméia, e a Jacinta Nunes, no centro.São duas obras que assimilam os conhecimentos dos estudantes a partir de construções literárias.
Na Escola Nucleada Municipal Silva Paranhos foi produzido o livro “Nas Sombras das Araucárias” organizado pelos professores Thyago Weingantner e Juliana Carla Seriguel. Juntamente aos alunos do 9º ano, criou-se uma narrativa centrada no monge João Maria, relacionada com a sua passagem pela Revolução Federalista, até à sua chegada na região do Contestado.
Já a obra “Contestando Contos” foi organizada pelos professores Arthur Luiz Peixer, Anderson Nathan Gonçalves Ferreira e Leonardo Guerreiro de Andrade, que juntaram as disciplinas de História, Língua Portuguesa e Arte na produção de contos psicológicos ambientados no mesmo conflito. São personagens ficcionais que se assemelham a trajetórias do mundo caboclo e constroem característicaspr gerais do povo do Contestado. Além dos contos, o livro é todo ilustrado pelos alunos com percepções sobre o movimento caboclo, trazendo interpretações sobre o movimento ocorrido no início do século XX.
A Guerra do Contestado é tema de dois livros lançados hoje em Rio das Antas 40A Guerra do Contestado é tema de dois livros lançados hoje em Rio das Antas 41A Guerra do Contestado é tema de dois livros lançados hoje em Rio das Antas 42A Guerra do Contestado é tema de dois livros lançados hoje em Rio das Antas 43A Guerra do Contestado é tema de dois livros lançados hoje em Rio das Antas 44A Guerra do Contestado é tema de dois livros lançados hoje em Rio das Antas 45
Alguns destes contos foram selecionados e transformados em três curtas metragens, lançados no dia 26 de abril, produzidos por meio do Projeto Curtas Contestados, coordenado pelo professor Arthur Luiz Peixer. O projeto proporcionou, desde 2019, a produção de oito curtas metragens com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental. Os 3 filmes resultantes do projeto são: “A Carta Histórica” criada pelo estudante Guilherme Pierdoná. A História versa sobre uma misteriosa carta escrita no período da Guerra do Contestado, narrando os acontecimentos desde a chegada da estrada de ferro, até a vinda de um famoso curador de ervas eremita.
O segundo curta chama-se “A Vingança de um Caboclo” escrito pelo estudante Nykolas Heckel. Ele conta a História de Marta e Wilfredo, perseguidos pelo coronel Joseff, sofrendo com a expulsão e a violência empregada pelas milícias coronelistas, desencadeando em uma luta sem precedentes.
O último curta chama-se “O Lenço Azul” escrito pela estudante Natália Ferreira, onde conta a História de um amor impossível em meio às dores de um conflito histórico no sul do Brasil. Seus desdobramentos mostram as dificuldades e os sacrifícios de ambos os lados da guerra.
E para abrir esse evento, teremos também o lançamento do clipe “Lamento Incontestável” produzido pelos alunos do 9º Ano Turma de Conclusão de 2022. A música é da banda Vilmem, e resultou do projeto musical “Ritmo Contestado” desenvolvido na cidade de Porto União/SC, onde o professor Arthur Luiz Peixer fez parte como curador acerca dos elementos da História do Contestado presentes no projeto. O clipe foi produzido pelos estudantes, que idealizaram as cenas e a interpretação da música.
A Guerra do Contestado é tema de dois livros lançados hoje em Rio das Antas 46A Guerra do Contestado é tema de dois livros lançados hoje em Rio das Antas 47A Guerra do Contestado é tema de dois livros lançados hoje em Rio das Antas 48A Guerra do Contestado é tema de dois livros lançados hoje em Rio das Antas 49
Timbó Grande pertencia a Curitibanos, assim como boa parte do Planalto, nos tempos do conflito do Contestado. Lá também, se ergueu o último reduto de resistência do povo Caboclo, no Vale de Santa Maria. Esse lugar tão emblemático para a história do conflito, onde ocorreu a batalha que ficou conhecida como o genocídio da Páscoa, em 1915, recebeu, nos dias 11 e 12 de agosto, a Mostra de Cinema Chica Pelega que trouxe produções audiovisuais feitas por pessoas desta região com o intuito de exibir às novas gerações a sua história e aproximar pessoas do cinema.
Tivemos duas sessões no Auditório Bernardo Von Muller Bernek e outras duas na Escola de Educação Básica Machado de Assis. As sessões foram exibidas para estudantes da rede municipal e estadual, além de uma sessão noturna do longa-metragem Terra Cabocla da Plural Filmes aberta também para a comunidade.
Logo após as sessões, tivemos uma prosa excelente sobre a história e identidade do Contestado e seus paralelos com os filmes. A prosa foi mediada pelo caboclo, educador e comunicador popular Jilson Carlos Souza, integrante do Fórum Regional em Defesa da Civilização e da Cultura Cabocla do Contestado e da Associação Paulo Freire de Educação e Cultura Popular (APAFEC) de Fraiburgo.
Foram dois dias incríveis de trocas e agradecemos quem compareceu para assistir os filmes e também quem esteve envolvido na organização. Agradecemos especialmente: Adenilson e Ana Cláudia Hoffmann, que gentilmente nos hospedaram, a Associação Cultural Cabocla Filhos do Contestado que possibilitou que esse encontro acontecesse, especialmente, à Serli Lima, professora cabocla e liderança comunitária em Timbó Grande e Eliane Moreira pelo acolhimento.
Cem anos depois, o povo caboclo resiste. A visão de que Santa Catarina é um estado branco europeizado anula outras identidades que fazem parte da formação do estado catarinense. A Guerra do Contestado foi um dos conflitos mais sangrentos que aconteceu no Brasil. Na região do Planalto Catarinense ainda persistem caboclos, como é chamado o povo que ali habitava quando aconteceu a Guerra do Contestado, cultura e rituais ainda são mantidos. A Guerra é pouco discutida, pouco falada, o que acaba indicando uma opção política de silenciamento cultural. É a luta pela terra.
Kiki é como é chamado o mais importante ritual da etnia indígena Kaingang. No passado era realizado anualmente, para que os falecidos recentes da aldeia fizessem uma boa passagem ao numbê – o mundo dos mortos. O ritual foi retomado em 2011 na aldeia Condá, no Oeste Catarinense, 10 anos depois da última vez que ele havia sido realizado, mostrando que a língua Kaingang resiste. A preparação da bebida levou mais de 10 dias. Os rostos pintados definem as duas metades: kamé e kainru-kré. O filme, depois de pronto, foi entregue na aldeia e distribuído para lideranças de diferentes povos na ONU, durante conferência em março de 2017, em Genebra, na Suíça. Foram feitas cópias em Kaingang, português, inglês e espanhol.
OLHAR CONTESTADO – 2012 / 15 minutos / direção: Fabianne Balvedi e Fernando Severo
A produção utiliza efeitos de câmeras virtuais sobre registros fotográficos, ilustrações e desenhos rotoscopiados sobre documentários da época. Fornecem os elementos visuais necessários para a reconstituição minuciosa dos locais, personagens e eventos do conflito. As principais fotografias utilizadas são de Claro Jansson, fotógrafo contratado pela Madeireira Lumber, que registrou passagens fundamentais da “Guerra Santa do Sul”.
LARFIAGEM– 2017 / 18 minutos / Gabi Bresola / Ombu Produção e Magnolia Produções Culturais
Meninos que tinham entre 8 a 15 anos e faziam “bicos” em volta da Estação Ferroviária de Herval do Oeste nos anos 1950, a “boa malandragem”, como eles contam, durante as gravações para o documentário, já com seus 60, 70 anos, criaram uma forma própria de se comunicar. Uma forma que eles pudessem combinar o preço para levar as bagagens dos viajantes até o hotel ou engraxar os sapatos sem que os outros clientes pudessem entender. E assim poderiam cobrar preços diferenciados – conforme o cliente. Os falantes que participam do filme nos levam de volta ao universo particular que criaram quando crianças.
No sábado, dia 13 de agosto de 2022, o Instituto Federal Catarinense (IFC) de Fraiburgo recebeu a Mostra de Cinema Chica Pelega. Foi um momento de encontro dos estudantes do Ensino Médio e da Escola de Jovens e Adultos (EJA) com a sua própria história, com as suas origens. A programação do evento trouxe produções que retratam o conflito do Contestado (1912-1916) que teve embates importantes na região de Fraiburgo.
Foram exibidos três curtas-metragens. O primeiro, Kiki, o Ritual da Resistência Kaingang(2014), da Margot Filmes, de Chapecó, que mostra a retomada do ritual indígena mais tradicional do território Condá, que não era feito há 10 anos. No filme é mostrado cada passo desta tradição, o que muitos sequer conheciam.
Na segunda produção, Olhar Contestado (2012), dirigida pela joaçabense Fabianne Balvedi e pelo caçadorense Fernando Severo, são feitas animações de câmeras virtuais sobre registros fotográficos de Claro Jansson – fotógrafo contratado pela Madeireira Lumber – ilustrações e desenhos fotocopiados sobre documentários da época.
E, finalmente, Larfiagem(2017), da hervalense Gabi Bresola, que retoma parte do que é também a sua história, quando junta aqueles que foram os criadores da conhecida língua que era falada às margens da ferrovia. Nos anos 1950, um grupo de meninos, então com 8 a 15 anos que faziam bicos como engraxar sapatos ou carregar malas dos viajantes, inventaram um jeito de se comunicar para que pudessem fazer as suas tratativas de crianças levadas, ou “malandros”, como eles se reconheciam. São eles mesmos, com 60, 70 anos, que contam estas histórias.
Sabendo da importância de debater coletivamente o que assistimos, após as sessões, aconteceram conversas mediadas pelo caboclo, educador e comunicador popular Jilson Carlos Souza, integrante do Fórum Regional em Defesa da Civilização e da Cultura Cabocla do Contestado e da Associação Paulo Freire de Educação e Cultura Popular (APAFEC) de Fraiburgo.
Nosso muito obrigada a quem compareceu e colaborou com a construção da Mostra. Agradecemos especialmente o Prof. Rodrigo Cabral do IFC.
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Depois de passar por Campos Novos (11), Curitibanos (18) e Caçador (25) arrebatando 1790 estudantes de 70 turmas de 26 escolas estaduais e municipais, além do público espontâneo que pôde acompanhar as sessões abertas e gratuitas, à noite, sempre no Cine Lúmine, podemos garantir que a 2ª Mostra de Cinema Chica Pelega foi um sucesso. O Projeto é uma realização do Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), com recursos do Governo Federal e da Lei Aldir Blanc e conta com a produção da VMS Produções e da Pupilo TV de Joaçaba.
Foram oferecidas duas sessões-escola de manhã e duas de tarde para turmas de 8o, 9o e 3o anos de escolas públicas dos municípios e Gerências Regionais de Educação (GERED) por onde a Mostra passou. Desta forma, pôde-se unir a experiência do audiovisual com as necessidades educacionais de ensino a respeito da Guerra do Contestado, conteúdo este relacionado aos filmes.
Sob a curadoria do cineasta joaçabense Rudolfo Auffinger, foram exibidos os curta-metragens Irani, do Rogério Sganzerla (1983); Olhar Contestado, de Fabianne Balvedi e Fernando Severo (2015) e Larfiagem (2017), de Gabi Bresola. O primeiro curta-metragem é um registro em Super 8, câmera na mão, de um desfile cívico em homenagem à Guerra do Contestado, onde o cineasta filma de perto os cavalos e o discurso do folclorista Vicente Telles a respeito daquele conflito que teve sua batalha inicial naquele município. Já o filme de Fabianne Balvedi resgata as fotos do fotógrafo Claro Gustavo Jansson, o profissional contratado pela madeireira Lumber, para retratar a Guerra. Ela faz animação usando software livre e desta forma muda a percepção a respeito do caboclo. E finalmente, Larfiagem é o nome do linguajar criado em Herval d´Oeste, quarenta anos depois da guerra, por meninos que trabalhavam na estação ferroviária e quem conta a história são seus criadores, agora com 60, 70 anos.
Além destes, à noite, foi exibido o longa-metragem Terra Cabocla (2015), de Márcia Paraíso e Ralf Tambke, na sessão aberta ao público. O documentário é gravado em Fraiburgo e Lebon Régis, e mostra a fé cabocla das joaninas e joaninos, os devotos a São João Maria. Eles vivem os resquícios do Contestado, lembram o massacre e as almas que se perderam na guerra; as lutas que ainda estão de pé: pela terra, pela dignidade, pela vida.
Durante os debates, ao mesmo tempo que se externava uma gratidão por se trazer à tona um assunto tão importante e latente, que é o perceber-se como caboclos e caboclas, que é entender o seu jeito popular de falar, a história para além da historiografia oficial, é pensar quem faz este resgate e como ele é proposto, um grupo de artistas, que trabalha na periferia de Caçador, falam sobre a sua luta para ganhar visibilidade. Eles relatam a facilidade de brancos descendentes de europeus fazerem este debate em detrimento de pretos, pobres e caboclos, que ainda têm para eles ocultos estes espaços. Mesmo com todas as possibilidades de recursos postos à disposição para tanto. Foi uma conversa rica em elementos e um debate para ser estendido para outros espaços de atuação.
Já houve convites de outros municípios para que uma Terceira edição da Mostra de Cinema Chica Pelega percorra outros caminhos dentro da região onde ocorreu a Guerra do Contestado. Interessados podem entrar em contato com a equipe de produção por meio deste link
09/05
(quinta)
Comunidade Remanescene de Quilombo
TOCA-SANTA CRUZ
19h Paulo Lopes/SC
Casa de Verônica e Jorge
Filmes da sessão:
A luta de um quilombola polinário 2023 • 4min • Livre
Kaingang, herdeiros da teimosia 2015 • 17min • Livre
Sobreviventes de Taquaruçu – Guerra do Contestado 1985 • 8min • Livre
Sonhos de um negro 2005 • 8min • Livre
Mulheres da Terra 2010 • 22min • Livre
Debate após sessão Convidados: Allison Marcelino e Rafael da Silva Marcelino